sábado, 4 de setembro de 2010

Líquor e as Meninges






Meninges: o sistema nervoso é envolto por membranas conjuntivas denominadas meninges que são classificadas como três: dura-máter, aracnóide e pia-máter. A aracnóide e a pia-máter, que no embrião constituem um só folheto, são às vezes consideradas como uma só formação conhecida como a leptomeninge; e a dura-máter que é mais espessa é conhecida como paquimeninge.



Folhetos da Dura-máter
Fonte: NETTER, Frank H.. Atlas de Anatomia Humana. 2ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.

Dura-máter: é a meninge mais superficial, espessa e resistente, formada por tecido conjuntivo muito rico em fibras colágenas, contendo nervos e vasos. É formada por dois folhetos: um externo e um interno. O folheto externo adere intimamente aos ossos do crânio e se comporta como um periósteo destes ossos, mas sem capacidade osteogênica (nas fraturas cranianas dificulta a formação de um calo ósseo). Em virtude da aderência da dura-máter aos ossos do crânio, não existe, no crânio, um espaço epidural como na medula. No encéfalo, a principal artéria que irriga a dura-máter é a artéria meníngea média, ramo da artéria maxilar.
A dura-máter, ao contrário das outras meninges, é ricamente inervada. Como o encéfalo não possui terminações nervosas sensitivas, toda ou qualquer sensibilidade intracraniana se localiza na dura-máter, que é responsável pela maioria das dores de cabeça.
Pregas da dura-máter: em algumas áreas o folheto interno da dura-máter destaca-se do externo para formar pregas que dividem a cavidade craniana em compartimentos que se comunicam amplamente. As principais pregas são:
 Foice do cérebro: é um septo vertical mediano em forma de foice que ocupa a fissura longitudinal do cérebro, separando os dois hemisférios.
 Tenda do cerebelo: projeta-se para diante como um septo transversal entre os lobos occipitais e o cerebelo. A tenda do cerebelo separa a fossa posterior da fossa média do crânio, dividindo a cavidade craniana em um compartimento superior, ou supratentorial, e outro inferior, ou infratentorial. A borda anterior livre da tenda do cerebelo, denominada incisura da tenda, ajusta-se ao mesencéfalo.
 Foice do cerebelo: pequeno septo vertical mediano, situado abaixo da tenda do cerebelo entre os dois hemisférios cerebelares.
 Diafragma da sela: pequena lâmina horizontal que fecha superiormente a sela túrcica, deixando apenas um orifício de passagem para a haste hipofisiára.




Cavidades da dura-máter: em determinada área, os dois folhetos da dura-máter do encéfalo separam-se delimitando cavidades. Uma delas é o cavo trigeminal, que contém o gânglio trigeminal. Outras cavidades são revestidas de endotélio e contém sangue, constituído os seios da dura-máter, que se dispõem principalmente ao longo da inserção das pregas da dura-máter. Os seios da dura-máter foram estudados no sistema cardiovascular junto com o sistema venoso.
Aracnóide: é uma membrana muito delgada, justaposta à dura-máter, da qual se separa por um espaço virtual, o espaço subdural, contendo uma pequena quantidade de líquido necessário á lubrificação das superfícies de contato das membranas. A aracnóide separa-se da pia-máter pelo espaço subaracnóideo que contem líquor, havendo grande comunicação entre os espaços subaracnóideos do encéfalo e da medula. Considera-se também como pertencendo à aracnóide, as delicadas trabéculas que atravessam o espaço para ligar à pia-máter, e que são denominados de trabéculas aracnóides. Estas trabéculas lembram, um aspecto de teias de aranha donde vem o nome aracnóide.



Dura-máter e Aracnóide
Fonte: NETTER, Frank H.. Atlas de Anatomia Humana. 2ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.



 Cisternas subaracnóideas: a aracnóide justapõe-se à dura-máter e ambas acompanham apenas grosseiramente o encéfalo e a sua superfície. A pia-máter adere intimamente a esta superfície que acompanha os giros, os sulcos e depressões. Deste modo, a distância entre as duas membranas, ou seja, a profundidade do espaço subaracnóideo é muito variável, sendo muito pequena nos giros e grande nas áreas onde parte do encéfalo se afasta da parede craniana. Forma-se assim nestas áreas, dilatações do espaço subaracnóideo, as cisternas subaracnóideas, que contém uma grande quantidade de líquor. As cisternas mais importantes são as seguintes:
 Cisterna magna: ocupa o espaço entre a face inferior do cerebelo e a face dorsal do bulbo e do tecto do III ventrículo. Continua caudalmente com o espaço subaracnóideo da medula e liga-se ao IV ventrículo através da abertura mediana. A cisterna magna é a maior e mais importante, sendo às vezes utilizada para obtenção de líquor através de punções.
 Cisterna pontina: situada ventralmente a ponte.
 Cisterna interpeduncular: localizada na fossa interpeduncular.
 Cisterna quiasmática: situada diante o quiasma óptico.
 Cisterna superior: situada dorsalmente ao tecto mesencefálico, entre o cerebelo e o esplênio do corpo caloso. A cisterna superior corresponde, pelo menos em parte, àcisterna ambiens, termo usado pelos clínicos.
 Cisterna da fossa lateral do cérebro: corresponde à depressão formada pelo sulco lateral de cada hemisfério.



Cisternas e a Circulação do Líquor
Fonte: NETTER, Frank H.. Atlas de Anatomia Humana. 2ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.



Granulações aracnóides: em alguns pontos da aracnóide, formam-se pequenos tufos que penetram no interior dos seios da dura-máter, constituindo as granulações aracnóideas, mais abundantes no seio sagital superior. As granulações aracnóideas levam pequenos prolongamentos do espaço subaracnóideo, verdadeiros divertículos deste espaço, nos quais o líquor está separado do sangue apenas pelo endotélio do seio e uma delgada camada de aracnóide. São estruturas admiravelmente adaptadas à absorção do líquor, que neste ponto, vai para o sangue.




Granulações Aracnóides
Fonte: NETTER, Frank H.. Atlas de Anatomia Humana. 2ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.
Pia-máter: é a mais interna das meninges, aderindo intimamente à superfície do encéfalo e da medula, cujos relevos e depressões acompanham até o fundo dos sulcos cerebrais. Sua porção mais profunda recebe numerosos prolongamentos dos astrócitos do tecido nervoso, constituindo assim a membrana pio-glial. A pia-máter dá resistência aos órgãos nervosos, pois o tecido nervoso é de consistência muito mole. A pia-máter acompanha os vasos que penetram no tecido nervoso a partir do espaço subaracnóideo, formando a parede externa dos espaços perivasculares. Neste espaço existem prolongamentos do espaço subaracnóideo, contendo líquor, que forma um manguito protetor em torno dos vasos, muito importante para amortecer o efeito da pulsação das artérias sobre o tecido circunvizinho. Verificou-se que os espaços perivasculares acompanham os vasos mais calibrosos até uma pequena distância e terminam por fusão da pia com a adventícia do vaso. As pequenas arteríolas são envolvidas até o nível capilar por pré-vasculares dos astrócitos do tecido nervoso.


Espaço entre as menínges:


O espaço extradural ou epidural normalmente não é um espaço real mas apenas um espaço potencial entre os ossos do crânio e a camada periosteal externa da dura-máter. Torna-se um espaço real apenas patologicamente, por exemplo, no hematoma extradural.
Líquor:
É um fluido aquoso e incolor que ocupa o espaço subaracnóideo e as cavidades ventriculares. A são função primordial é proteção mecânica do sistema nervoso central.




Cavidades Ventrículares
Fonte: NETTER, Frank H.. Atlas de Anatomia Humana. 2ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.
Formação, absorção e circulação do líquor: sabe-se hoje em dia que o líquor é produzido nos plexos corióides dos ventrículos e também que uma pequena porção é produzida a partir do epêndima das paredes ventriculares e dos vasos da leptomeninge. Existem plexos corióides nos ventrículos, como já vimos anteriormente, e os ventrículos laterais contribuem com maior contingente líquorico, que passa ao III ventrículo através dos forames interventriculares e daí para o IV ventrículo através do aqueduto cerebral.







Ventrículos Laterais e Prexo Corióide
Fonte: NETTER, Frank H.. Atlas de Anatomia Humana. 2ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.

Através das aberturas medianas e laterais do IV ventrículo, o líquor passa para o espaço subaracnóideo, sendo reabsorvido principalmente pelas granulações aracnóideas que se projetam para o interior da dura-máter. Como essas granulações predominam no eixo sagital superior, a circulação do líquor se faz de baixo para cima, devendo atravessar o espaço entre a incisura da tenda e o mesencéfalo. No espaço subaracnóideo da medula, o líquor desce em direção caudal, mas apenas uma parte volta, pois reabsorção liquórica ocorre nas pequenas granulações aracnóideas existentes nos prolongamentos da dura-máter que acompanham as raízes dos nervos espinhais.




Circulação do Líquor
Fonte: NETTER, Frank H.. Atlas de Anatomia Humana. 2ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.
A circulação do líquor é extremamente lenta e são ainda discutidos os fatores que a determinam. Sem dúvida, a produção do líquor em uma extremidade e a sua absorção em outra já são o suficiente para causar sua movimentação. Um outro fator é a pulsação das artérias intracranianas, que, cada sístole, aumenta a pressão líquorica, possivelmente contribuindo para empurrar o líquor através das granulações aracnóideas.




Esquema - Circulação do Líquor

domingo, 30 de maio de 2010

XXIV Congresso Brasileiro de Anatomia

XXIV Congresso Brasileiro de Anatomia

A Sociedade Brasileira de Anatomia convida você para o XXIVº Congresso Brasileiro de Anatomia, que acontecerá de 09 a 13 de outubro de 2010, no CCRP – Centro de Convenções de Ribeirão Preto, Estado de São Paulo.
A Universidade de São Paulo - USP, Universidade de Ribeirão Preto - UNAERP, Centro Universitário BARÃO DE MAUÁ, Faculdades COC e Universidade Paulista - UNIP tem o privilégio de reunir nomes importantes para este Congresso, que tem como tema “Anatomia Clínica: Integração entre as Ciências Básicas e Aplicadas”, que reflete o desejo da Comissão Organizadora em promover um amplo e crítico debate sobre a importância da Anatomia básica nas disciplinas clínicas e da Anatomia clínica nas disciplinas básicas, em todas as áreas da Saúde. Para tanto, contaremos com a participação ativa dos profissionais que atuam nas áreas clínicas de medicina, medicina veterinária, odontologia, fisioterapia, terapia ocupacional, educação física, biologia, psicologia, nutrição, farmácia e enfermagem, além dos atuantes em áreas básicas de biologia celular e molecular, histologia e embriologia.
Além disso, contaremos com a participação de educadores, que discutirão as transformações no ensino com novas metodologias ativas de ensino-aprendizagem. O programa científico contemplará com destaque a integração entre as ciências de formação básica e clínica e, paralelamente, outros temas como: Capacitação Docente, Avaliação, Metodologias de ensino e Supervisão, Extensão Universitária e Pesquisa. Planejamos oferecer a você, proveitosos momentos de lazer intercalados com produção científica da melhor qualidade.
Venha a Ribeirão Preto – Capital da Cultura, participar do Congresso e traga a sua família. Enquanto você participa das atividades científicas, eles poderão aproveitar passeios turísticos como: “Caminho de Portinari”, “Quarteirão Paulista”, ou ainda, as inúmeras outras opções de passeios e atrações turísticas na cidade e região.
Saudações Universitárias
Prof. Dr. Odair Alfredo Gomes
Comissão Científica
XXIV CBA, Ribeirão Preto, 2010
Profa. Dra. Valéria Fazan 
Presidente
XXIV CBA, Ribeirão Preto, 2010
 

segunda-feira, 3 de maio de 2010

O Trígono Femoral


O trígono femoral é um feixe vásculo-nervoso que se localiza na região superior da coxa, na porção proximal do Fêmur. Seus constituintes são (em ordem lateral-medial) o Nervo Femoral, Artéria Femoral e Veia Femoral, o famoso NAV.

Pode-se notar ainda nesta imagem a veia safena magna, importante na cirurgia de revascularização miocárica.

domingo, 2 de maio de 2010

A Veia Porta

A v. porta é o resultado da fusão das vv. mesentérica superior e Lienal, sendo posterior ao colo do pancrêas, de onde parte em direção ao fígado.
Na porta hepática, esse vaso antes de penetrar ao fígado, divide-se em dois ramos direito e esquerdo, correspondentes da a. hepática comum e do ducto hepático comum. Contudo deve-se levar em conta a variação anatômica e notar na população vários tipo de formações  desse vaso, sendo essa descrita a mais comum.

sábado, 1 de maio de 2010

Curiosidades Anatômicas

Muitas vezes você já deve ter imaginado algumas curiosidades anatômicas, como são ou funcionam algumas regiões do nosso corpo.
Aqui vai uma lista de algumas delas:


- Alinhados em uma só fila, os neurônios de um único cérebro iriam da Terra à Lua.

- O glúteo é o músculo esquelético mais forte e o maior do corpo humano.

- O menor é o estapédio (ouvido), com apenas 1 mm de comprimento.

- A palavra “esqueleto” vem do grego antigo “skeletós”, que significa “corpo ressecado”.

- O osso é forte e leve chegando a ser 6 vezes mais resistente que uma barra de aço do mesmo peso.

- Os menores ossos do corpo humano são os ossículos do ouvido interno. Entre eles, o menor é o estribo que mede apenas 3 mm de comprimento.

- O sangue é o único tecido líquido do organismo. Composto por 55% de plasma e 45% de hemácias e linfócitos.

- Existem cerca de 640 músculos esqueléticos no corpo.

- O volume de sangue em uma mulher adulta é de 3.600 a 4.500 mL. Em um homem adulto é de 4.500 a 5.400 mL

- O olfato é pelo menos 20 mil vezes mais sensível que o paladar. Percebemos o amargor do quinino diluído em 2 milhões de partes de água e sentimos o odor do gambá na proporção de um para 30 bilhões de partes de ar. Enquanto a língua detecta apenas os sabores básicos (azedo, salgado, doce e amargo) o nariz distingue mais de 10 mil odores.

- O olho concentra cerca de 70% dos receptores sensoriais do nosso corpo, e mede 2,5 cm de diâmetro.

- As impressões digitais ajudam a segurar objetos. Assim como os sulcos dos pneus mantêm a aderência dos carros, mesmo em pistas molhadas.

- Temos mais de 100 mil cabelos na cabeça. Os cabelos podem ser lisos, ondulados ou crespos em função de seu formato. Em um corte transversal os cabelos lisos são redondos; os crespos são achatados como uma fita e os ondulados têm formato oval.

- As unhas crescem ao ritmo de 0,5 mm por semana, processo que se acelera no verão e na mão mais utilizada.

- Apenas um sexto do globo ocular é visível.

- Grande parte das células sanguíneas são hemácias (glóbulos vermelhos): há mais de 25 bilhões delas em circulação no organismo.

- As hemácias vivem apenas 4 meses e são produzidas pela medula óssea num ritmo de 3 milhões por segundo.

- A aorta é a maior de nossas artérias. Com a largura de 2,5 cm, chega a ser 2.500 vezes maior que alguns capilares. Possui paredes espessas, pois recebe o sangue bombeado do ventrículo esquerdo do coração e precisa resistir à pressão dos batimentos cardíacos.

- Se todas as artérias, veias e capilares do nosso corpo fossem ligados formando uma linha reta e contínua, cobririam mais de 100 mil km, um quarto da distância entre a Lua e a Terra.

- O coração bate cerca de 100 mil vezes por dia.

Ricardo Bairral

A historia da Anatomia

O conhecimento anatômico do corpo humano data de quinhentos anos antes de Cristo no sul da Itália com Alcméon de Crotona, que realizou dissecações em animais. Pouco tempo depois, um texto clínico da escola hipocrática descobriu a anatomia do ombro conforme havia sido estudada com a dissecação. Aristóteles mencionou as ilustrações anatômicas quando se referiu aos paradigmata, que provavelmente eram figuras baseadas na dissecação animal. No século III A.C., o estudo da anatomia avançou consideravelmente na Alexandria. Muitas descobertas lá realizadas podem ser atribuídas a Herófilo e Erasístrato, os primeiros que realizaram dissecações humanas de modo sistemático. A partir do ano 150 A..C. a dissecação humana foi de novo proibida por razões éticas e religiosas. O conhecimento anatômico sobre o corpo humano continuou no mundo helenístico, porém só se conhecia através das dissecações em animais.
No século II D.C., Galeno dissecou quase tudo, macacos e porcos, aplicando depois os resultados obtidos na anatomia humana, quase sempre corretamente; contudo, alguns erros foram inevitáveis devido à impossibilidade de confirmar os achados em cadáveres humanos. Galeno desenvolveu assim mesmo a doutrina da “causa final”, um sistema teológico que requeria que todos os achados confirmassem a fisiologia tal e qual ele a compreendia. Porém não chegaram até nós as ilustrações anatômicas do período clássico, sendo as “séries de cinco figuras” medievais dos ossos, veias, artérias, órgãos internos e nervos são provavelmente cópias de desenhos anteriores. Invariavelmente, as figuras são representadas numa posição semelhante a de uma rã aberta, para demonstrar os diversos sistemas, às vezes, se agrega uma sexta figura que representa uma mulher grávida e órgãos sexuais masculinos ou femininos. Nos antigos baixos-relevos, camafeus e bronzes aparecem muitas vezes representações de esqueletos e corpos encolhidos cobertos com a pele (chamados lêmures), de caráter mágico ou simbólico mais que esquemático e sem finalidade didática alguma.
Parece que o estudo da anatomia humana recomeçou mais por razões práticas que intelectuais. A guerra não era um assunto local e se fez necessário dispor de meios para repatriar os corpos dos mortos em combate. O embalsamento era suficiente para trajetos curtos, mas as distâncias maiores como as Cruzadas introduziram a prática de “cocção dos ossos”. A bula pontifica De sepulturis de Bonifácio VIII (1300), que alguns historiadores acreditaram equivocadamente proibir a dissecção humana, tentava abolir esta prática. O motivo mais importante para a dissecação humana, foi o desejo de saber a causa da morte por razões essencialmente médico-legais, de averiguar o que havia matado uma pessoa importante ou elucidar a natureza da peste ou outra enfermidade infecciosa. O verbo “dissecar” era usado também para descrever a operação cesariana cada vez mais freqüente. A tradição manuscrita do período medieval não se baseou no mundo natural. AS ilustrações anteriores eram aceitas e copiadas. Em geral, a capacidade dos escritores era limitada e ao examinar a realidade natural, introduziram pelo menos alguns erros tanto de conceito como de técnica. As coisas “eram vistas” tal qual os antigos e as ilustrações realistas eram consideradas como um curto-circuito do próprio método de estudo.
A anatomia não era uma disciplina independente, mas um auxiliar da cirurgia, que nessa época era relativamente grosseira e reunia sobre todo conhecer os pontos apropriados para a sangria. Durante todo o tempo que a anatomia ostentou essa qualidade oposta à prática, as figuras não-realistas e esquemáticas foram suficientes. O primeiro livro ilustrado com imagens impressas mais do que pintadas foi a obra de Ulrich Boner Der Edelstein. Foi publicada por Albrecht Plister em Banberg depois de 1460 e suas ilustrações foram algo mais que decorações vulgares. Em 1475, Konrad Megenberg publicou seu Buch der Natur, que incluía várias gravuras em madeira representando peixes, pássaros e outros animais, assim como plantas diversas. Essas figuras, igual a muitas outras pertencentes a livros sobre a natureza e enciclopédias desse período, estão dentro da tradição manuscrita e são dificilmente identificáveis.
Dentre os muitos fatores que contribuíram para o desenvolvimento da técnica ilustrativa no começo do século XVI, dois ocuparam lugar destacado: o primeiro foi o final da tradição manuscrita consistente em copiar os antigos desenhos e a conversão da natureza em modelo primário. Chegou-se ao convencimento de que o mais apropriado para o homem era o mundo natural e não a posteridade. O escolasticismo de São Tomás de Aquino havia preparado inadvertidamente o caminho através da separação entre o mundo natural e o sobrenatural, prevalecendo a teologia sobre a ciência natural. O segundo fator que influiu no desenvolvimento da ilustração científica para o ensino foi a lenta instauração de melhores técnicas. No começo os editores, com um critério puramente quantitativo, pensaram que com a imprensa poderiam fazer grande quantidade de reproduções de modo fácil e barato. Só mais tarde reconheceram a importância que cada ilustração fosse idêntica ao original. A capacidade para repetir exatamente reproduções pictóricas, daquilo que se observava, constituiu a característica distinta de várias disciplinas científicas, que descartaram seu apoio anterior à tradição e aceitação de uma metodologia, que foi descritiva no princípio e experimental mais tarde.
As primeiras ilustrações anatômicas impressas baseiam-se na tradição manuscrita medieval. O Fasciculus medicinae era uma coleção de textos de autores contemporâneos destinada aos médicos práticos, que alcançou muitas edições. Na primeira ( 1491) utilizou-se a xilografia pela primeira vez, para figuras anatômicas. As ilustrações representam corpos humanos mostrando os pontos de sangria, e linhas que unem a figura às explicações impressas nas margens. As dissecações foram desenhadas de uma forma primitiva e pouco realista. Na Segunda edição (1493), as posições das figuras são mais naturais. Os textos de Hieronymous Brunschwig (cerca de 1450-1512) continuaram utilizando ilustrações descritivas. O capítulo final de uma obra de Johannes Peyligk (1474-1522) consiste numa breve anatomia do corpo humano como um todo, mas as onze gravuras de madeira que inclui são algo mais que representações esquemáticas posteriores dos árabes. Na Margarita philosophica de George Reisch (1467-1525), que é uma enciclopédia de todas as ciências, forma colocadas algumas inovações nas tradicionais gravuras em madeira e as vísceras abdominais são representadas de modo realista. Além desses textos anatômicos destinados especificamente aos estudantes de medicina e aos médicos, foram impressas muitas outras páginas com figuras anatômicas, intituladas não em latim (como todas as obras para médicos), mas sim em várias línguas vulgares. Houve um grande interesse, por exemplo, na concepção e na formação do feto humano. O uso freqüente da frase “conhece-te a ti mesmo” fala da orientação filosófica e essencialmente não médica. A “Dança da Morte” chegou a ser um tem muito popular, sobretudo nos países de língua germânica, após a Peste Negra e surpreendentemente, as representações dos esqueletos e da anatomia humana dos artistas que as desenharam são melhores que as dos anatomistas.
Os artistas renascentistas do século XV se interessavam cada vez mais pelas formas humanas, e o estudo da anatomia fez parte necessária da formação dos artistas jovens, sobretudo no norte da Itália. Leonardo da Vinci (1452-1519) foi o primeiro artista que considerou a anatomia além do ponto de vista meramente pictórico. Fez preparações que logo desenhou, das quais são conservadas mais de 750, e representam o esqueleto, os músculos, os nervos e os vasos. As ilustrações foram completadas muitas vezes com anotações do tipo fisiológico. A precisão de Leonardo é maior que a de Vesalio e sua beleza artística permanece inalterada. Sua valorização correta da curvatura da coluna vertebral ficou esquecida durante mais de cem anos. Representou corretamente a posição do fetus in utero e foi o primeiro a assinalar algumas estruturas anatômicas conhecidas. Só uns poucos contemporâneos viram seus folhetos que, sem dúvida, não foram publicados até o final do século passado. Michelangelo Buonarotti (1475-1564) passou pelo menos vinte anos adquirindo conhecimentos anatômicos através das dissecações que praticava pessoalmente, sobretudo no convento de Santo Espírito de Florença. Posteriormente expôs a evolução a que esteve sujeito, ao considerar a anatomia pouco útil para o artista até pensar que encerrava um interesse por si mesma, ainda que sempre subordinada à arte. Albrecht Dürer (1471-1528) escreveu obras de matemática, destilação, hidráulica e anatomia. Seu tratado sobre as proporções do corpo humano foi publicado após sua morte. Sua preocupação pela anatomia humana era inteiramente estética, derivando em último extremo de um seu interesse pelos cânones clássicos, através dos quais podia adquirir-se a beleza. Com a importante exceção de Leonardo, cujos desenhos não estiveram ao alcance dos anatomistas do século XVII, o artista do Renascimento era anatomista só de maneira secundária. Ainda foram feitas importantes contribuições na representação realista da forma humana (como o uso da perspectiva e do sombreado para sugerir profundidade e tridimensionalidade), e os verdadeiros avanços científicos exigiam a colaboração de anatomistas profissionais e de artistas.
Quando os anatomistas puderam representar de modo realista os conhecimentos anatômicos corretos, se iniciou em toda Europa um período de intensa investigação, sobretudo no norte da Itália e no sul da Alemanha. O melhor representante deste grupo é Jacob Berengario da Capri (+1530), autor dos Commentaria super anatomica mundini (1521), que contém as primeiras ilustrações anatômicas tomadas do natural. Em 1536, Cratander publicou em Basiléia uma edição das obras de Galeno, que incluía figuras, especialmente de osteologia, feitas de um modo muito realista. A partir de uma data tão cedo como 1532, Charles Estienne preparou em Paris uma obra em que ressaltava a completa representação pictórica do corpo humano.

REFERENCIAS
PETRUCELLI, L. J. – História da Medicina – Editora Manole – 1997.

Felipe Jardim

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Circulação do Pescoço


Fala pessoal,

respondendo uma pergunta, sobre os vasos que irrigam o pescoço:

- A veia mais externa que irriga o pescoço ?
- A artéria mais importante do pescoço seria a Carótida ?

Bem, existem vários vasos superficiais do pescoço, mas obviamente a veia de maior importancia a considerarmos seria sim a Jugular Externa. Tratando-se de artérias, na visão da anatomia Humana podemos considerar sim a a. Carótida comum, já que esta está diretamente ligada a irrigação do sistema Nervoso.

Felipe Jardim

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Laboratório de Anatomia


Oi pessoal,

acabo de criar este espaço, para que se possa discutir as nossas duvidas, saber um pouco mais sobre o estudo da Anatomia Humana, e não deixar sempre de acrescentar no nosso conhecimento. Espero que possa através desse meio de comunicação ajudar a todos vocês.

Forte abraço,

Felipe Jardim